quarta-feira, 30 de abril de 2008

A Carta de Pero Vaz de Caminha e a História do Brasil

Ana Cláudia Anibal Ribeiro
Graduanda em História, FAFIDAM-UECE
Resumo

O intuito deste artigo consiste em elaborar algumas análises a cerca da Carta de Pero Vaz de Caminha a D. Manuel sobre o achamento do Brasil e compreender o que Caminha narrava na carta e ressaltar a importância do conteúdo desta crônica para a formação da Historiografia Brasileira.
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A carta de Caminha é um dos primeiros documentos que registrou a chegada dos portugueses ao Brasil em 1500 e com base nesse registro tentarei realizar algumas reflexões sobre o conteúdo da carta, identificando o que o autor ressalta sobre o descobrimento da nova terra. Irei trabalhar com alguns fragmentos da crônica, e a partir daí compreender as relações sociais e culturais existentes nesse período.
Vejamos estas passagens da carta:
"Senhor:
Neste dia, a hora de véspera, houvemos vista de terra ! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo, e doutras serras mais baixas ao sul dele, e de terra chã, com grandes arvoredos: Ao monte alto o capitão pôs nome o monte pascoal, e a terra, a terra de Vera Cruz.
Eram pardos, todos nus, sem coberta alguma, não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas."

Nesses trechos da carta observa - se o encantamento dos portugueses ao chegarem na terra recém - descoberta, logo após estarem em terra firme, os estrangeiros ficaram assustados com aquelas pessoas desnudas, que eram os indígenas, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. E depois desse primeiro contato, analiso que ocorreu um choque cultural entre duas sociedades completamente diferentes. Tomando como referência esses trechos da carta, percebo que para os portugueses foi estranho terem visto pessoas nuas, ressalto que a sociedade portuguesa passou por um processo civilizatório, por isso que aconteceu esse estranhamento; a reação dos indígenas foi idêntica a dos portugueses: para eles era estranho ver aquelas pessoas com vestimentas longas e com colares exuberantes cheios de enfeites devido a forma como eles foram “criados”; essas diferenças culturais ainda hoje são existentes.
Noutro trecho Caminha afirma que "Ao domingo de Pascoela pela manhã, determinou o capitão de ir ouvir missa e pregação naquele ilhéu. E ali com todos nós outros fez dizer missa, a qual foi dita pelo padre Frei Henrique".
Esse fragmento da crônica sintetiza a necessidade que se tinha em catequizar esses indivíduos. Cabral e sua comitiva sentiram que essas pessoas não tinham conhecimento da palavra de Deus e resolveram buscar alguns jesuítas em Portugal para catequizar os nativos. Partindo desse pressuposto percebo que além dessa catequização, houve o interesse em explorar a mão-de-obra indígena e assim atenderem seus interesses lucrativos. Com a chegada dos portugueses ao Brasil, começou-se a exploração braçal, primeiramente foram os indígenas, posteriormente os negros.
Seguindo seu relato Caminha afirma que:

"Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é muito bons ares, assim frios e temperados, como os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infindas".

Caminha fica fascinado com as nossas belezas naturais, a água em abundância, as árvores de diversas variedades e os frutos, as aves. Notoriamente os portugueses concluíram que essa terra recém – descoberta teria que ser explorada de alguma maneira e foi através do Pau – Brasil; a partir daí começou - se a exploração das nossas matas, o desmatamento tornou - se freqüente. Eles só visavam o lucro e assim surgiram as às colônias de exploração.

Tentei colocar aqui algumas características na qual achei que foram importantes e que estavam presentes na carta de Caminha, para que pudéssemos analisar aquele período e tudo que girava em torno dele. Além da carta de Pero Vaz de Caminha, existem outras crônicas de caráter peculiar, algumas delas são: Carta de Pe. Manuel da Nóbrega, a carta do Pe. João de Azpilcueta Navarro, carta do Pe. José de Anchieta. Muitas delas foram escritas pelos jesuítas, todas elas trazem descrições do período de colonização do nosso país, e que devem ser mais exploradas principalmente pelos historiadores. São documentos que nos permite perceber como era a vida de todas as pessoas daquela época, assim os jesuítas contribuíram bastante para que este trabalho fosse realizado e que posteriormente foi classificado como os primeiros registros da história do nosso país.

2 comentários:

Anônimo disse...

Boa noite professor,

Meu nome é Rúbia, sou aluna de pós-graduação em docência no ensino superior. Estamos fazendo um trabalho de interdisciplinariedade na sala de aula usando a carta de pero vaz de Caminha no curso de Letras.Gostaríamos de trabalhar a história e a literatura em uma mesma aula. O senhor teria alguma sugestão?
Seria de suma importância para nos uma opinião ou sugestão sua.

Francisco A. Silva disse...

Obrigado pelo interesse Rúbia. Recentemente ministrei um mini-curso na Semana de Letras da FAFIDAM/UECE sobre o tema. Deixe seu e-mail que te mandarei minhas anotações para você. Ou mande uma Mensagem para o e-mail fasilva1973@hotmail.com ou fasilva1973@gmail.com