terça-feira, 7 de outubro de 2008

A NOVA HISTORIA SEGUNDO CAPISTRANO DE ABREU

Fredivânia da C. Nogueira, Graduando em História

Francisco Antonio da Silva, Professor do Curso de História da FAFIDAM

RESUMO: A obra de Capistrano foi de grande importância para a Historiografia brasileira, apesar de não fazer uma grande mudança em relação à obra de Varnhagem, do qual sempre teceu criticas devido sua forma de escrita fria e de grande exaltação portuguesa. Esta constante é notável no capítulo I de sua obra Capítulos de História Colonial que se intitula Antecedentes Indígenas que embora possua esse nome pouco fala dos indígenas.

INTRODUÇÃO

Capistrano de Abreu nasceu na província do Ceara em 1853, mais precisamente em Colominjuba. Ali estudou o primário e depois continuou os estudos em Pernambuco, onde fez curso de inglês e francês, porem não cursou o ensino superior , na Faculdade de Direito de Recife.

Em 1875 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde conseguiu o emprego na Livraria Garnier e depois conquistou uma vaga de professor no Colégio Aquino , onde dava aulas de inglês e francês. Em 1879 fez concurso para integrar o quadro de funcionários da Biblioteca Nacional, onde passa a trabalhar ao mesmo tempo em na imprensa como redator da Gazeta de Noticias, dedicava-se a textos de critica literária e Historia da Literatura.

Em 1883 , concorre a cátedra de Geografia e Historia do Brasil , do Imperial Colégio D. Pedro II, Que já tinha sido ocupada por Gonçalves Dias. Em 1887 ingressou no IHGB, mas continuou lecionando ate 1889, quando houve uma reforma de ensino que acabou com sua cadeira. Daí em diante passou a viver do trabalho jornalístico e da pesquisa histórica.


Capistrano e a Escrita da Nova História

Capistrano era um autodidata que muito se interessava pelas relações entre Historia e Geografia, ate porque ele sempre teve convicção de que a sociedade era marcada por agentes culturais e geográficos. Tal visão e bastante visível na composição dos Capítulos de Historia Colonial , obra escrita mediante um sonho de escrever uma nova Historia do Brasil, uma forma diferente das que já haviam sido feitas, principalmente a obra de Francisco Adolfo Varnhagem, Historia Geral do Brasil , do qual chegou ate a fazer uma reedição .

Para Capistrano Varnhagem tinha um estilo frio e insensível de escrever, apesar da admiração que tinha pelo historiador , não escondia que detestava seu texto, ate porque seguia uma cronologia de fatos oficiais do qual Capistrano sempre foi contra, O caráter oficial de Varnhagem, desejava manter a imagem de excelência do império português , louvando e defendendo a colonização.
Varnhagem , também não seguia a linha de Von Martius , o naturalista alemão que, em 1884 ganhou o concurso realizado pelo IHGB a fim de eleger a maneira de "Como se deve escrever a historia do Brasil" . Von Martius propôs que se levasse em conta a fusão das três raças (branco português, índio e negro africano ) . Varnhagem sempre falou do índio de forma pejorativa e excludente, e dos negros nem ao menos falava.

Capistrano reconhecia a importância da obra de Varnhagem , porém detestava sua forma fria e insensível de falar da vida social, as diferenças regionais e do povo , do qual Capistrano tinha grande preocupação pela ausência em suas obras.

A Visão Indígena de Capistrano

Mesmo com tanta preocupação de Capistrano em relação a escrita de Varnhagem , pela visão social e popular que era lhe era ausente, Capistrano faz em seu primeiro capítulo Antecedentes indígenas , em que o autor demonstra seu amor pela geografia ao descrever os limites territoriais, toda a flora , fauna, relevo e clima do Brasil, detalhando os oceanos que o rodeiam, bacias e rios , principalmente o rio São Francisco que para ele é de grande importância histórica detalhando todo o seu percurso. Capistrano também relata as regiões com freqüência de chuvas e as que passam por períodos de secas. Enfim Capistrano faz uma viagem por todo o território brasileiro ressaltando cada geográfico, deixando apenas as duas ultimas paginas para realmente falar dos índios suas crenças, costumes e rituais.

A principio fala da colaboração que o índio deu para evolução social, da prática da agricultura, da caça e da pesca, assim como mostra a que sexo cada atividade era destinada. Capistrano também fala sobre as guerras existentes entre tribos e as práticas efetuadas após o seu termino para vencedores e vencidos. Comenta também o tipo de habitação, a autoridade dos chefes (pagés), da espiritualidade, da observação da natureza,do artesanato, das lendas , das línguas faladas pelas diversas tribos que aqui podia se encontrar.E por fim discute se influência que o meio geográfico exerceu sobre os índios predispôs ou não a indolência do índio. E afirma:

"Indolente o indígena era , sem dúvida , mas também era capaz de grandes esforços, podia dar muito de si. O principal efeito dos fatores antropogeográficos foi dispensar a cooperação[...]A mesma ausência de cooperação, a mesma incapacidade de ação incorporada e inteligente, limitada apenas pela divisão do trabalho e suas conseqüências, parece terem os indígenas legado a seus sucessores."

Considerações finais

A intenção em destacar um capítulo apenas de tão vasta obra, não se justifica apenas pela facilidade de análise, mas por este ter de certa forma me chamado muito a atenção devido a disparidade entre o titulo e o assunto com que o autor o desenvolve.

Mesmo trazendo grandes inovações Capistrano ainda se remete a práticas que há muito tempo se utilizavam outros autores, como é o caso da descrição da natureza, algo que ele utiliza quase que do começo ao fim do capitulo I da obra que desejava marcar a nova escrita da história do Brasil. Sendo assim seria realmente essa a nova forma de se escrever a história do Brasil.

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